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SER LGBTQIA+ NO MERCADO DE TRABALHO


No mês da visibilidade LGBTQIA+ gostaria de compartilhar minha experiência com vocês sobre como é ser lésbica no mercado de trabalho, mais especificamente, na minha área de atuação que é a comunicação. Venho construindo minha carreira há um pouco mais de 10 anos e nesse tempo tive diversas experiências, positivas e negativas, a respeito da sexualidade. Sou assumida desde cedo, aos 15 anos de idade, para família e amigos, consequentemente na minha vida profissional também, e é o que vou contar para vocês.


Ser lésbica, como disse mais acima, é algo muito natural para mim, tão natural como respirar, não preciso fazer grande esforço para ser, só preciso existir e o restante acontece. Porém, em ambientes profissionais, não é tão simples assim, principalmente por eu ser uma garota que não performa feminilidade, e essa característica acaba por causar uma maior curiosidade nas pessoas, e essas curiosidades para quem não é do meio acabam se tornando um martírio para uma pessoa LGBTQIA+.


Entre colegas de trabalho e até mesmo chefias, sempre teve aquela curiosidade sobre o tema LGBTQIA+, as vezes de forma sutil, apenas para adquirir conhecimento e aprender. Mas nem sempre é assim, à medida em que vou participando e obtendo mais conhecimento e experiencias dentro da empresa, vou também me familiarizando com meus colegas e é aí que começam a aparecer inconveniências sutis e, às vezes, escancaradas sobre a minha condição. É aquele famoso: “Aham, eu já sabia!”, quando a pessoa passa meses te cercando pela empresa, tentando fazer perguntas desnecessárias e que não dizem respeito a sua vida profissional, apenas para deixar claro que sabe sobre sua condição sexual. Porém, nem sempre isso é um segredo, apenas algo que gostaríamos de deixar de lado no ambiente profissional pois não tem ligação alguma com o trabalho que exercemos. Outro exemplo também, é quando o seu colega sabe da sua sexualidade e utiliza disso para tentar falar de sexo com você, o tempo inteiro, durante o expediente da empresa.


Atualmente, muita coisa tem mudado, as pessoas estão tendo mais acesso ao conhecimento, discussões sobre o assunto e aprendizados diversos, apesar de ainda precisarmos avançar mais, já faz grande diferença nos debates. Atualmente, cheguei à condição de trabalho onde minha maior preocupação é apenas o trabalho, como estou evoluindo e/ou contribuindo com a empresa. Posso ser quem sou livremente, sem medo, receio ou preocupações que não sejam sobre minha área de atuação. Sinto que sou mais ouvida e tenho mais posicionamento dentro da empresa, tenho grande aprendizado e hoje também estou casada e compartilho isso com meus colegas de trabalho naturalmente. Hoje, é tão natural como respirar, torço para que cada vez mais, outras áreas passem a ser assim também.

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