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APOIAR-SE NA CULTURA É BOM RECURSO PARA A COMUNICAÇÃO


APOIAR-SE NA CULTURA É BOM RECURSO PARA A COMUNICAÇÃO


Imagine a frustração dos cientistas e pesquisadores: quando a humanidade mais precisa de suas habilidades, muitas pessoas, movidas pela escuridão da ignorância, muitas delas em altos cargos públicos, se dedicam a desmerecer a ciência. Isso nos faz pensar na importância da divulgação científica. A questão é: como comunicar ciência?

Podemos usar linguagem acadêmica, podemos ter testemunhais, estatísticas, provas conclusivas e muita evidência. Mas, às vezes, podemos recorrer ao nosso meio ambiente cultural para passar uma mensagem agregadora, que expanda o alcance para além dos círculos restritos de especialistas e entendidos. Esse é um desafio que requer criatividade e, muitas vezes, uma pitada de ousadia.

O Instituto Butantan, de São Paulo, deu mostras de que se pode arriscar. O clipe do MC Fioti para a divulgação da vacina anticoronavírus é um exemplo. Escolheram o funk, justamente o funk, esse estilo musical tão criticado, como o meio de se combater os negacionistas. “Bum bum tan tan”, a música original, tinha já uma sensacional similaridade fonética com o curioso nome do instituto que é um orgulho dos paulistas (que deveria ser também dos brasileiros, como outros institutos de pesquisa do País). E acabaram criando o que vem sendo chamado de o “hino da vacina”.

Muita gente pode torcer o nariz, mas muito mais gente (a massa, que imagino seja o público-alvo dessa produção) vai aderir ao ritmo, ao sacolejo das funcionárias e funcionários do Butantan, que são os figurantes do clipe. Vão aderir à ideia de que a “vacina vai salvar muita gente”. Além disso, as imagens mostram os laboratórios do instituto (que, confesso, vi pela primeira vez), com microscópios e tudo, além do pessoal que trabalha lá, gente como a gente, que trabalha para combater o mal que já levou mais de 225 mil brasileiros (quando escrevo). Uma combinação que é, ao final, uma boa comunicação institucional.

A ligação cultural rompe barreiras, promove conexão, contextualiza a mensagem, contribui para o entendimento. Acolhe no conforto da familiaridade. O resultado é divertido – e o bom humor é sempre um bom comunicador.

Entender e abrir os braços para a cultura, sem preconceito, é uma fonte de inspiração para a Comunicação. MC Fioti não é o primeiro a trilhar esse caminho e não será o último.

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